Jesus pede-nos: “Esforçai-vos”.
Questiono-me: é mais difícil amar ou ser amado?
Tantas vezes, parece que vivemos como órfãos, sem saber que temos um Pai que nos ama tanto. Temos dificuldade em acreditar nesse amor imenso e acabamos por esmorecer na Fé.
Queremos ser amados e, no entanto, rejeitamos o Amor.
Santa Teresinha escreve:
“O mérito não consiste em fazer nem em dar muito, mas antes em receber, em amar muito… Diz-se que é muito mais agradável dar do que receber, e é verdade, mas quando Jesus quer reservar para Ele a doçura de dar, não seria delicado recusar. Deixemo-l’O receber e dar tudo o que quiser, a perfeição consiste em fazer a vontade d’Ele, e a alma que se lhe entrega inteiramente é chamada pelo próprio Jesus “Sua Mãe, sua Irmã” e toda a sua família…” (Carta 142).
Então, permitir-se ser amado por Jesus, não será já uma forma de amá-l’O? Se a nossa natureza decaída pelo pecado é tão desconfiada, praticar a confiança em Deus, não será já uma forma de mortificação? Uma introdução na via estreita que nos leva ao Céu?
Há um inimigo dentro de nós que rejeita o amor de Deus. E é necessário empregar todos os esforços para convertê-lo. Repetindo incessantemente: eu sou amado, eu sou amado, eu sou amado.
Pois se não nos permitirmos ser amados, como é que amaremos? Se Deus é a fonte do amor, como é que poderemos amar sem Ele?
Esforcemo-nos para lutar o bom combate, superando a grande dificuldade de nos permitirmos ser amados por Jesus. E passemos pela via estreita que leva ao Céu, renunciando dia após dia à desconfiança. Confiemos plenamente no amor desse Pai incrível que antes de nos criar, nos sonhou. O coração de Deus bate de amor por cada um de nós. E tem ânsias de transbordar a Sua Divina Misericórdia sobre as nossas almas e sobre a nossa história de vida. Tem ânsias de nos fazer felizes.
Quando o Anjo falou aos Três Pastorinhos em Fátima, disse-lhes: “Os corações de Jesus e de Maria têm desígnios de Misericórdia sobre vós”.
Aceitemos essa Misericórdia. Aceitemos ser amados. Esforcemo-nos por corresponder a esse amor. Para que um dia, nós que comemos e bebemos com Jesus, nós que O comungamos na Eucaristia, não ouçamos: “Não vos conheço”.
Não percamos a oportunidade de ser conhecidos por Ele, de viver já no aqui e no agora a intimidade de dois melhores amigos que se amam tanto e que se conhecem quase como a palma da mão.
Num dos seus escritos, Santa Teresinha reflete: se Jesus tem almas vítimas da sua Justiça, não poderá ser ela uma vítima da Sua Misericórdia?
Se Jesus tem tanta Misericórdia para transbordar e se tem tão poucos para aceitá-la, então, para que não Lhe doa no peito, digamos-Lhe: Meu querido Jesus, faz de mim uma vítima da Tua Misericórdia. Transborda-a sobre mim. E que eu possa, também, levá-la a todos os meus irmãos e irmãs no mundo. Ajuda-me a ajudar-Te, pois para tudo dependo da Tua Graça. E sem ela, eu não me consigo apartar da iniquidade. Para tudo, eu preciso de Ti, Jesus. Até para o mínimo, pois sem Ti não sou capaz de nada. Então, vem, Jesus, e transforma-me. Que eu seja um reflexo da Tua Divina Misericórdia.
Jesus deu-nos um pai e uma mãe, São José e a Santíssima Virgem Maria. Que eles nos ensinem a esforçarmo-nos pelo que verdadeiramente vale a pena: abrir o coração para Deus, conhecê-l’O, amá-l’O e adorá-l’O. Viver na intimidade, dia após dia, com Jesus. Praticar o amor ao próximo, vendo Jesus em cada irnào e irmã.
Para que no dia em que partirmos deste exílio, possamos ouvi-l’O dizer: eu conheço-te, Meu amigo. Vem para os braços do Teu Jesus. Mergulha no amor da Santíssima Trindade. Amemo-nos para sempre.
José de Barcelos
Domingo XX do tempo Comum [Ano C]