Verbos da Palavra

Esperar

Este domingo, podemos refletir sobre o verbo “Esperar”. Pois é isso que Jesus espera de nós: que sejamos como os servos que esperam o seu senhor vindo de um casamento. 

Servos que não se importam se o senhor vem à meia-noite ou à madrugada, pois não lhe exigem que ele chegue às horas que eles querem, mas esperam com humildade. 

E nós, a quem esperamos? Teremos nós verdadeiramente consciência de que também nós temos um Senhor? De que estamos neste mundo para servi-Lo? E que, portanto, a nossa vida não é fruto de um acaso nem que ela é desprovida de um sentido? 

Nós viemos a este mundo porque Deus sonhou connosco e nos criou, porque nos ama. E destinou a cada um de nós uma missão. E essa missão é servi-Lo, pois só assim seremos felizes. A nossa relação com Deus, é uma relação de amor e de amizade, pois somos como dois melhores amigos que se preocupam mutuamente e que ambos querem ver um ao outro satisfeito. Portanto, servir é cuidar, é prestar atenção às necessidades do outro e ser gentil. É querer ver o outro a sorrir e a sentir-se amado. 

Então, esta é a nossa missão: servir este amigo íntimo que só merece o nosso melhor. E o Seu nome é Jesus Cristo. Aquele que veio ao mundo e que um dia voltará. 

E é justamente sobre isso que eu queria escrever, relativamente ao verbo “Esperar”. E porquê? Porque nos diz a Sagrada Escritura na Segunda Epístola de São Pedro (3, 3-14): 

“Sabei, antes de tudo, o se­guinte: nos últimos tempos virão escarnecedores cheios de zombaria, que viverão segundo as suas próprias concupiscências.

Eles dirão: “Onde está a promessa de sua vinda? Desde que nossos pais morreram, tudo continua como desde o princípio do mundo”.

Esquecem-se propo­sitada­men­­te que desde o princípio exis­tiam os céus e igualmente uma terra que a Palavra de Deus fizera surgir do seio das águas, no meio da água, e desse modo o mundo de então perecia afogado na água.

Mas os céus e a terra que agora existem são guardados pela mesma palavra divina e reservados para o fogo no dia do juízo e da perdição dos ímpios.

Mas há uma coisa, caríssimos, de que não vos deveis esquecer: um dia diante do Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia.

O Senhor não retarda o cumprimento de sua promessa, como alguns pensam, mas usa da paciência para convosco. Não quer que alguém pereça; ao contrário, quer que todos se arrependam.

Entretanto, virá o dia do Senhor como ladrão. Naquele dia, os céus passarão com ruído, os elementos abrasados se dissolverão, e será consumida a terra com todas as obras que ela contém.

Uma vez que todas essas coisas se hão de desagregar, considerai qual deve ser a santidade de vossa vida e de vossa piedade, enquanto esperais e apressais o dia de Deus, esse dia em que se hão de dissolver os céus inflamados e se hão de fundir os elementos abrasados!

Nós, porém, segundo sua promessa, esperamos novos céus e uma nova terra, nos quais habitará a justiça.

Portanto, caríssimos, espe­rando essas coisas, esforçai-vos em ser por ele achados sem mácula e irrepreensíveis na paz”. 

Se nós somos cristãos, a segunda vinda de Cristo deve ser para nós uma certeza inabalável. Pouco importa quantos séculos ou milénios passem. E pouco importa o que o falatório do mundo diga. Jesus voltará. Este mundo é passageiro, mas Deus é infinito e eterno. E é Ele a nossa Esperança. É Jesus o motivo pelo qual vivemos, é Jesus a paixão da nossa vida. E nós acreditamos n’Ele. Pois Jesus é “o caminho, a verdade e a vida” (João 14, 6). 

Jesus é a verdade. E a verdade é que Ele voltará. Pouco importa se nós formos os servos que esperam até à meia-noite ou até à madrugada. O Nosso Senhor Jesus Cristo virá. E nós queremos estar à Sua espera, felizes e em paz. Pois finalmente virá o grandioso momento em que O veremos face a face. A Sagrada Face de Jesus, belíssima, que só de contemplá-la, compensará todas as nossas canseiras, trabalhos, humilhações e perseguições por parte do mundo. 

Coragem, força, esperemos com amor e alegria. E peçamos a Nossa Senhora e a São José que estejam connosco ao nosso lado para que nos ensinem a esperar Jesus como só Ele merece: cheios de amor e de confiança.

José de Barcelos
Domingo XIX do tempo Comum [Ano C]