Ponto Carmo

Arrancar

“Meu Pai é agricultor” (Jo 15,1), disse Jesus.

E, neste Evangelho, Jesus diz: «Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: ‘Arranca-te daí e vai plantar-te no mar’, e ela obedecer-vos-ia».

Sempre que li ou ouvi esta passagem, pensei na fé como um grão de mostarda. Mas, pela primeira vez, ocorreu-me em pensar em nós como o grão de mostarda. Não a fé, mas nós.

No fundo, precisamos de ter a fé de uma criança, que se traduz em confiança filial. O pai diz à criança em cima do muro “salta” e a criança salta para os braços do pai, sem pensar sequer que o pai a poderia deixar cair ou enganar.

O pai alegra-se em fazer o filho feliz. Está atento ao que a criança pede. E a criança pode realmente pedir para a amoreira arrancar-se da terra. E se o nosso Pai é agricultor, porque razão é que Ele não poderia arrancá-la com a Sua mão invisível, apenas para nos fazer sorrir? Deus tudo pode.

Mas podemos talvez pensar na amoreira como um símbolo de tudo aquilo que nós não podemos remover do nosso caminho, mas que Deus pode. Obstáculos na nossa jornada espiritual. Talvez medos, inseguranças, traumas, vícios e carências.

O nosso Pai é agricultor. A Sua mão suave e amorosa quer ajudar-nos a crescer. E nós podemos realmente pedir a Deus que arranque de nós o que nós, meras crianças, não temos força ou coragem para arrancar.

O que é que na nossa vida e na nossa conduta e personalidade gostaríamos de pedir ao Pai para arrancar? Reflitamos sobre esta questão.

Não nos esqueçamos das palavras de Jesus: «Meu Pai é agricultor» (Jo 15,1). Deus tudo pode.

Que Nossa Senhora e São José nos ajudem a confiar no poder ilimitado e amoroso da Santíssima Trindade.

José de Barcelos
Domingo XXVII do Tempo Comum [Ano C]