Verbos da Palavra

Calar

Eis-nos chegados ao Domingo de Ramos. Acercamo-nos à multidão que aplaude e recebe Jesus triunfalmente em Jerusalém para com Ele percorrermos os últimos dias até à sua Paixão, Morte e Ressurreição.
A narração evangélica deste Domingo é longa (Mt 26, 14 – 27, 66). Somos convidados a escutar a entrega de Jesus até ao fim: a Última Ceia com os seus discípulos, a agonia no Monte das Oliveiras, o julgamento, a crucifixão e morte e a sepultura.
Detenho-me, neste Domingo, não numa palavra concreta de Jesus ou de algum dos intervenientes, mas sim no silêncio de Jesus. À medida que vamos percorrendo o relato, o silêncio de Jesus vem ganhando protagonismo. Apesar das altercações, troças e provocações, Jesus permanece em silêncio.
Era chegada a sua hora. A hora de ser glorificado pelo Pai no alto do madeiro. O silêncio de Jesus é interpelador. Oscar Wilde dizia que Jesus dava voz ao mundo silencioso da dor. Com Jesus, vivamos esta Semana Maior com intensidade, imitando o exemplo do manso cordeiro, levado ao matadouro, que não abriu a boca.

Francisco Maria de São José
Domingo de Ramos na Paixão do Senhor [Ano A]
2 de abril de 2023