O episódio trágico da paixão e morte do Senhor dispersou os discípulos e inundou-os de tristeza. O acontecimento da ressurreição, testemunhado, em primeiro lugar, pelas mulheres, mais tarde por alguns discípulos, era demasiado grande para poder convencer o grupo dos amigos de Jesus.
No Domingo passado, contemplámos Tomé, o homem que proclama a sua fé em Jesus ressuscitado quando toca as chagas e mete a mão no lado aberto do Mestre. Este Domingo, somos convidados a colocar-nos a caminho de Emaús com dois discípulos profundamente entristecidos, desanimados e sem esperança (Lc 24, 13-35).
Estes dois personagens abandonam Jerusalém, pois já não há razões para aí permanecer. O Senhor fora morto, sepultado e essas notícias que se vão espalhando do túmulo vazio não os convencem. Nestas duas figuras estamos também nós refletidos, tantas vezes desalentados, sem esperança nem horizontes. Junta-se a eles, neste caminho, Alguém que os questiona e faz revisitar as Escrituras para compreenderem afinal que Messias era Aquele que fora crucificado.
Finalmente, chegados a Emaús, sentados à mesa, em clima de amizade e intimidade, ao partir o pão, estes discípulos reconheceram-n’O. O coração ia ardendo ao longo do caminho, mas ainda estava endurecido pela dúvida. Ao partir o pão, Jesus quebra as incertezas destes homens para lhes abrir um novo horizonte, rasgado pelo Sol nascente, que é Ele, Cristo ressuscitado.

Francisco Maria de São José
Domingo III da Páscoa [Ano A]
23 de abril de 2023