Verbos da Palavra

Entregar

«Esta noite, terás de entregar a tua alma».

Há Alguém que aguarda uma entrega da nossa parte. E esse Alguém é Deus. 

Aquele que nos ama infinitamente, aguarda com carinho esse momento. Mas e nós, será que aguardamos esse momento da entrega com a mesma alegria? O que realmente pesa mais no nosso coração: o amor ou o medo? 

A morte não é o fim. Mas é um encontro, no qual estaremos face a face com Aquele que sonhou connosco, que nos criou e que nos deu a vida de graça. 

Ninguém, absolutamente ninguém, pode fazer por nós o que Deus fez. E ninguém, absolutamente ninguém, nos ama mais do que Ele. 

Pois antes de nós sermos um sonho dos nossos pais, nós fomos primeiro um sonho de Deus. Na Sagrada Escritura, Deus diz a Jeremias: “Antes de te haver formado no ventre materno, Eu já te conhecia” (Jeremias 1, 4). 

É a Ele a quem nós entregaremos a vida que Ele nos deu. A esse Deus maravilhoso, cheio de ternura e compaixão, que nos aguarda ansiosamente. Pois diz a Sagrada Escritura: “O Senhor, teu Deus, está no meio de ti como poderoso salvador! Ele exulta de alegria por tua causa, pelo seu amor te renovará. Ele dança e grita de alegria por tua causa, como nos dias de festa” (Sofonias 3, 17-18). 

Então, sempre que pensarmos que mais tarde ou mais cedo chegará esse grandioso momento em que entregaremos a nossa alma a Deus, afastemos todas as tentações de receio e de desespero com esta certeza: “Ele dança e grita de alegria por tua causa”. 

É Ele, é Jesus, Aquele que desejou ardentemente comer a Páscoa connosco, redimir-nos com o Seu Preciosíssimo Sangue e refugiar-nos nas Suas Santas Chagas que transbordam Misericórdia. 

«Esta noite, terás de entregar a tua alma», pode dizer-nos Jesus hoje. 

E eu, estou disposto a entregar a alma? Ou haverá ainda alguma coisa que deva ser feita? 

O Papa Francisco disse: “Deus nunca se cansa de perdoar, somos nós que nos cansamos de pedir perdão”. 

Coloquemos a mão na consciência e sejamos honestos: há algo que eu ainda não levei para o Sacramento da Reconciliação? Para a Confissão? Há algo que ainda pesa a minha alma e que me impede de sentir leveza diante da morte? 

Jesus disse à Santa Faustina: “Quando te aproximares do confessionário, sabe que Eu mesmo estou à tua espera. Oculto-me apenas no sacerdote, mas Eu mesmo ajo na tua alma. Ali, a miséria da alma encontra o Deus da Misericórdia”. 

Não percamos tempo. E peçamos confiadamente à Santíssima Virgem Maria e a São José que nos auxiliem no combate espiritual, que nos deem humildade para confessarmos os nossos pecados e para que nos deem ânimo e coragem para encarar a morte. Eles jamais nos deixarão desamparados. Confiemos. 

Jesus aguarda-nos. E “Ele dança e grita de alegria por tua causa”. Então, que nós possamos entregar-Lhe a nossa alma cantando: ‘Que alegria, quando me disseram: “Vamos para a casa do Senhor!” (Salmo 122).

José de Barcelos
Domingo XVIII do tempo Comum [Ano C]