Advento rima com espera. Esperamos Aquele que veio e que virá. Confesso que, de facto, o início destas linhas não parece fazer muito sentido. Mas com Deus é assim, forçosamente nos habituamos ao paradoxo, à surpresa e à novidade.
A página do evangelho deste Domingo (Mt 11,2-11) surpreende-nos com a questão dos discípulos de João Baptista a Jesus: «És Tu Aquele que há-de vir, ou devemos esperar outro?».
João, encarcerado, começa a ouvir falar de Jesus e das suas obras. Assaltado pela dúvida, pede aos seus seguidores que inquiram Jesus sobre se Ele é o Messias esperado.
Esperar faz parte do vocabulário cristão. A espera é uma arte que se pratica e se aperfeiçoa, como quem toca um instrumento musical ou como um artesão melhora a sua técnica. Esperar brota da esperança – uma das três virtudes teologais – que cada crente leva no coração e deve reavivar em cada Advento.
Estamos habituados a ouvir que neste tempo somos convidados a esperar Aquele que vem. Sem dúvida, as quatro semanas que antecedem o Natal são um convite para prepararmos o nosso coração para a celebração do magnum mysterium. Mas ao escutar a pergunta dos discípulos de João Baptista, questiono-me se também nós não devemos sair ao encontro d’Aquele que nos espera.
É curioso que a resposta de Jesus a esta pergunta é o cumprimento da profecia de Isaías que escutamos na primeira leitura deste Domingo. Os tempos novos, inaugurados pelo Messias, trazem a salvação, a alegria e a paz. Jesus espera-nos para nos acolher e levar-nos ao coração do Pai. O coração de um Pai que espera pacientemente os seus filhos, e faz festa e rejubila quando voltamos os olhos para Ele.
João Baptista é bendito por Jesus, porque esperou e preparou o caminho para a sua vinda: «Entre os filhos de mulher, não apareceu ninguém maior do que João Baptista». Mas não desanimemos. Esta bem-aventurança não se encontra reservada apenas para o precursor. Também nós, pequenos ou grandes, com mais ou menos fé, somos convidados a imitar o Profeta e a iluminar o nosso coração com as maravilhas que ainda hoje testemunhamos: «Mas o menor no reino dos Céus é maior do que ele».
Afinal, esperamos Aquele que já nos espera. Assim, esperar gera em nós uma alegria inefável. Por isso, neste terceiro Domingo do Advento – Domingo da Alegria – rejubilemos, porque a nossa espera e o caminho que trilhamos não serão em vão. Ele veio, vem e virá. Mas espera-nos. Sempre.
Francisco Maria de São José
Domingo III do Advento [Ano A]
11 de dezembro de 2022